«O que mais me impressiona nas praxes é o fenómeno da crescente fetichização do traje académico, movimento que vem dos finais dos anos 80 e da massificação do ensino superior ao longo dos anos 90. Deixando de lado a gargalhada de se andar por Lisboa, Évora e Faro em Setembro com farpelas preparadas para o Inverno coimbrão, a uniformidade do vestuário está involuntariamente a representar a uniformidade do pensamento. O assomo étnico-corporativista que se exibe como farda é a negação mesma da libertinagem criativa e criadora que está na essência da vocação intelectual que inventou a Civilização. Em vez de se exibirem únicos e diversos, os nossos trajados querem é repetir-se na exaltação do conservadorismo mais anti-universitário que é possível conceber. Haja alguém que lhes explique essa relação que antecede todo o pensamento científico, sem a qual qualquer actividade cognitiva gerará apenas opinião: é pelo particular que se chega ao universal.*»
Valupi, "Praxe e praxis" | Blogue 'Aspirina B', 27.Out.2011
* Chegar à universidade de qualquer maneira também ajuda nesta comiserante gadificação do indivíduo.
* Chegar à universidade de qualquer maneira também ajuda nesta comiserante gadificação do indivíduo.