quarta-feira, 19 de outubro de 2011

«Desespero fértil»


Eu não conto histórias.

Temos tendência a julgar em vez de entender. A partir da altura que entendemos, deixamos de julgar.

Só escrevi o livro, não o li. Portanto, estou em desvantagem.

«Como é que você, que é tão novo, já fez tão pouco?» [ALA citando Robert Oppenheimer]

Descobri muito cedo que é muito simples darmo-nos com as outras pessoas. Basta tomá-las por aquilo que elas pensam que são e não por aquilo que eu penso que elas são.

Quando o desespero não é fértil, a nossa vida deixa de ter sentido.

Substituímos um horror por outro. Por exemplo, a vida dos casais. Quando vejo um casal num restaurante, uma refeição inteira sem sequer olharem um para o outro, isto é terrível; outra maneira de matar, mas matar pela usura.

O pai é uma instância que existe entre nós e a morte e que em certo sentido nos protege da morte. Depois do pai morrer, se a morte tocar à campainha somos nós que temos de ir abrir.

MC- Que lágrimas são as suas?
ALA- Eu acho que choro para dentro, como as grutas.

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E para resfriar um bocadinho, António Guerreiro sobre “Comissão das Lágrimas”:
«quando lemos “Comissão das Lágrimas”, defrontamo-nos, até à exasperação, com uma espécie de recitativo ou de litania caracterizada pela homogeneidade.
[…]
Aquilo que é prometido como polifonia não passa de uma algazarra de vozes indistintas.»

* Também num exercício de vaidade recíproca, mas isso é sempre e se calhar nem é pecado.