quarta-feira, 23 de maio de 2012

Acordo Ortográfico [64]

Miguel Sousa Tavares:
«[…]
Lamento que ele [Aníbal Cavaco Silva] tenha assinado o decreto que pôs em vigor definitivamente o Acordo que ele não entende; porque ele não entende o Acordo, aliás, como a maior parte de nós não entende o Acordo nem a necessidade do Acordo.
[…]
A verdade histórica é que alguns senhores em Portugal resolveram propor aos brasileiros que nós começássemos a escrever parte da nossa ortografia como eles. Isto foi um acto colonial ao contrário.
[…]
Foi feito de emboscada.
[…]
Ninguém quis este acordo; não se percebe para que serve. Foi feito sem consulta às pessoas que mais utilizam a língua: os editores, os professores de Português, os escritores, os jornalistas; todos eles foram postos de lado, e de emboscada e de repente, como facto consumado, tomem lá, agora comecem a escrever assim.»

Rodrigo Guedes de Carvalho:
«[…]
Ou seja, estamos debaixo de um jugo de algo que parecia muito importante mas que ninguém quer.
[…]
Pode ser que com a mesma rapidez um dia seja abolido.»
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Enquanto isso, a minha filha mais velha recebeu há dias, pouco depois de ter feito 18 anos, uma carta do Ministério da Administração Interna a informá-la de que já pode votar e dando-lhe a saber o número de eleitora.
Sugeri-lhe que, como seu primeiro acto de cidadã maior – actos de cidadã vacinada já ela praticou mais do que muitos – seria giro, quiçá pedagógico que denunciasse à competente autoridade pública as 10 contra-ordenações, 10 infracções, 10 violações, 10 contravenções, 10 transgressões, e assim sucessivamente, perpetradas na dita carta em desobediência manifesta, se não insolente desafio do n.º 1 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, de 25 de Janeiro.
O doutor Jorge Miguéis que se precate.