domingo, 20 de maio de 2012

Shakespeare

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O filme, como é evidente, é ridículo, e tem todo o direito a sê-lo; o direito a ser ridículo é uma conquista civilizacional que muitos filmes têm exercido com brio. Os problemas começam quando o direito é instrumentalizado não para fazer propaganda comercial, mas propaganda epistemológica.
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A controvérsia sobre a identidade de Shakespeare surgiu a meio do século XIX (não há qualquer referência ao assunto antes de 1840), após o desmantelamento do mito de Homero e no auge das primeiras questões sobre a verdade histórica dos Evangelhos; depois do Classicismo e da Cristandade, a primeira divindade secular seria o alvo lógico. Mas a controvérsia nunca foi realmente controversa. Salvo uma ruidosa periferia de historiadores amadores e actores iconoclastas, ninguém leva a sério qualquer alternativa à versão oficial: um homem de Stratford chamado William Shakespeare escreveu as peças e os poemas de William Shakespeare.
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