Rogério Casanova sobre esta estentórica e imbecilizante cagada:
«[…]
O filme, como é
evidente, é ridículo, e tem todo o direito a sê-lo; o direito a ser ridículo é
uma conquista civilizacional que muitos filmes têm exercido com brio. Os
problemas começam quando o direito é instrumentalizado não para fazer
propaganda comercial, mas propaganda epistemológica.
[…]
A controvérsia
sobre a identidade de Shakespeare surgiu a meio do século XIX (não há qualquer
referência ao assunto antes de 1840), após o desmantelamento do mito de Homero
e no auge das primeiras questões sobre a verdade histórica dos Evangelhos;
depois do Classicismo e da Cristandade, a primeira divindade secular seria o
alvo lógico. Mas a controvérsia nunca foi realmente controversa. Salvo uma
ruidosa periferia de historiadores amadores e actores iconoclastas, ninguém
leva a sério qualquer alternativa à versão oficial: um homem de Stratford chamado
William Shakespeare escreveu as peças e os poemas de William Shakespeare.
[…]»