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há algum tempo (não digo quando*), as três estrelas que
dei na recensão de um livro (não digo qual*), por erro ou negligência
inocentes, passaram a cinco estrelas. Não pretendo corrigir o erro porque seria
errar duas vezes: o efeito instantâneo que uma classificação produz — e não há
outro — não pode ser revogado, só pode ser repetido. Percebi isso quando, ainda inexperiente nesta matéria, vi as quatro estrelas
que tinha dado a um livro de poesia de Luís Quintais (agora, sim, já posso
citar nomes) passar a cinco estrelas. Na edição do jornal, na semana seguinte,
escrevi uma errata e, desde então, o poeta Luís Quintais passou a ser, para
mim, um dos nomes da má consciência e do irreparável.**
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As estrelas são o exemplo mais eloquente do declínio da crítica literária. Não vou aqui defender a sua extinção porque seria ingenuidade não reconhecer que a crítica, tal como existe, precisa delas. Defender a extinção das estrelas sem defender um outro tipo de discurso crítico não serve de nada. Em primeiro lugar, seria necessário reconhecer que há uma diferença fundamental entre crítica e divulgação. E qualquer suplemento literário não pode prescindir de uma e de outra. Tal como não há ninguém que escreva nos suplementos literários que não pratique ora uma ora outra.
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As estrelas são o instrumento do discurso do histérico.
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As estrelas são o exemplo mais eloquente do declínio da crítica literária. Não vou aqui defender a sua extinção porque seria ingenuidade não reconhecer que a crítica, tal como existe, precisa delas. Defender a extinção das estrelas sem defender um outro tipo de discurso crítico não serve de nada. Em primeiro lugar, seria necessário reconhecer que há uma diferença fundamental entre crítica e divulgação. E qualquer suplemento literário não pode prescindir de uma e de outra. Tal como não há ninguém que escreva nos suplementos literários que não pratique ora uma ora outra.
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As estrelas são o instrumento do discurso do histérico.
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