terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Os serrenhos do Caldeirão: exercícios em antropologia ficcional,

«[…]
a peça acaba por ser muito mais um poema — um poema como os de Artaud, “um homem que, como diria Herberto Helder, tinha as correntes da terra ligadas às correntes do poema”, diz Vera —, já que a poesia tem um pacto antigo com o silêncio. Não entendamos, por poesia, aquela coisa enfática e decorativa que faz as delícias das almas sensíveis, sempre à beira da exclamação patética, mas a palavra que recebe e transmite vibrações extremas, “as correntes da terra”. Se quisermos, o solo da Vera também pode ser um romance, uma ficção antropológica (“antropologia ficcional”, chamou-lhe ela, convidando o espectador a não acreditar em tudo o que ouve).
[…]
a peça faz-nos sentir que nós, homens modernos, perdemos os nossos gestos, como disse um filósofo. Os gestos mais simples e quotidianos tornaram-se estranhos ou foram absorvidos por uma máquina negativa.
[…]»
António Guerreiro, “Onde é a serra do Caldeirão?

«A novidade implícita no conceito e nas experiências da media art, da qual Peter Weibel é o mais importante teorizador, tornou-se a regra da arte contemporânea que, por isso, pode ser dita pós-media.
“Inter(in)venção”, a exposição de media art no Fórum Eugénio de Almeida, em Évora, provém da colecção de uma instituição – o ZKM de Karlsruhe – que é provavelmente a mais importante da Europa no domínio da investigação dos novos media e da relação da arte com a tecnologia (ZKM é o acrónimo de Zentrum für Kunst und Medientechnologie). O ZKM é também um museu, mas é muito mais do que isso. […]» *
António Guerreiro, “A arte sob a condição dos novos media”

E ainda António Guerreiro, “Naquele exílio da prosa”, recensão de Numerosas Linhas — Livro de Horas III, de Maria Gabriela Llansol, Assírio & Alvim:
«Mais um volume dos diários de Maria Gabriela Llansol, que ilumina não apenas o trabalho da escrita mas também os dias difíceis que a escritora viveu na Bélgica e as duras contingências da sua vida material. […]» **

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* «Agora, desde o final de Novembro, o novo fórum tem uma exposição mais lúdica, intitulada Inter[in]venção, claramente dirigida a um público mais alargado e que consegue trazer ao Alentejo a colecção do ZKM – Centro para as Artes e Media de Karlsruhe, mostrando trabalhos históricos de media art, uma área da arte contemporânea que não é assim tão comum poder ver-se em Portugal.»