«[...]
as
livrarias são campos de batalha onde se combate por espaço e visibilidade (daí
que os livros pareçam tanques de uma guerra carnavalesca, muito colorida) e
porque o analfabeto secundário só se detém naquilo que é suficientemente
tagarela e conspícuo. Não lhe bastam as virtudes do livro que abriga nas suas
páginas uma palavra adormecida que o leitor vai – ou não – despertar. É preciso
ter a sensação de que está a comprar uma “coisa” imediatamente mensurável e que
se oferece a uma apreensão pelos sentidos, pois, para ele, a mercadoria é o
último nome do Bem. Estes tijolos servem para alimentar as fontes morais do
valor, em que o Bem coincide sempre com a matéria e tem residência fixa nas
“coisas”.»