«[...] Um país justo onde não importa de onde se vem, qual o apelido que cada um tem ou o local onde se nasceu; um país onde não importa o dinheiro que cada um tem nem a maneira como se veste ou quem ama.» [minuto 10:50]
Esse é o país que o penoso Tozé Seguro se propõe construir no discurso eleiçoeiro, como quase todos de quase todos quase sempre, proferido esta manhã na Assembleia da República.
Faltou-lhe a ousadia de acrescentar, ao extravagante e demagógico «quem ama», e quantos ama na sua e fora da sua cama. para que a poesia acontecesse, Portugal ficasse melhor e a Humanidade mais próxima da salvação...
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A gente sabe que o senhor deputado aludia ao Código Civil, mas casamento - com quem casa -, além de não subsumir necessariamente o amor, é caso bem diverso deste.
Não por
acaso, amor é coisa que só excepcionalmente ocorre, e uma única vez, na Constituição da República Portuguesa: na alínea b)
do n.º 1 do artigo 293.º, ao destinar-se a utilização de receitas obtidas com
reprivatizações - «As receitas obtidas com as reprivatizações serão utilizadas apenas para amortização da dívida pública e do sector empresarial do Estado, para o serviço da dívida resultante de nacionalizações ou para novas aplicações de capital no sector produtivo.»
Como se vê, nem ao Camões lírico
mais inflamado ocorreria contexto tão arrebatadoramente romântico; ao Camões ou
até ao próprio Emanuel.