Luís
Pedro Nunes, licenciado em Comunicação Social, com todos estes predicados e atribuições, um norte-alentejano vivido e vivaço, relativamente bem informado e com graça, que amiúde me
diverte, chega a merecer dó quando, possesso de ódio congénito e descabelado a José Sócrates,
se pronuncia sobre a governação socialista. A dicção, habitualmente límpida,
atrapalha-se-lhe; o verbo, que ele é capaz de usar certeiro [O desconchavo
do eis que senão, a par do irrascível e das cócigas, é talvez excepção; ou se calhar não.], transvia-se-lhe por penosas errâncias lexicais sem que
ninguém, pela deferência intimidada que deve gerar à sua volta, lhe abra na
fuça a caridade de um dicionário.
Dois exemplos recentes.
Eixo do Mal, 16.Mar.2014, minuto 48:30, quando, não fazendo ideia do que «prelado» seja, deverá ter querido dizer "no
seu consulado":
Luís Pedro Nunes– Quero aqui
saudar com a alegria costumeira o doutor Vítor Constâncio porque tudo isto se
passou no seu prelado, BPN, BPP, BCP…
Daniel Oliveira- Não só, não
só…
LPN- Foi essencialmente no seu prelado …
DO- Também apanhou Carlos
Costa.
LPN- ... foi, foi, foi essencialmente
no seu prelado, foi um bonito espectáculo que
ele deu e um case study que ficará digno de ser analisado.
Eixo do Mal, 06.Abr.2014, minuto 05:20, quando, ateado por socratofobia recidiva que Daniel
Oliveira e Clara Ferreira Alves tentaram moderar, improvisou e soletrou uma «surrafa» tonta e inexistente para decerto dizer "à sorrelfa" ou "à socapa":
Foi Teixeira dos Santos que à surrafa
pediu ajuda, à surrafa pediu ajuda, porque caso
contrário era a perdição.
O ódio quase sempre nos faz perder. O discernimento, o vocabulário e a razão.