«Falemos de uma coisa que interessa a pouca gente: a
poesia.
[…]
quanto mais se assiste ao enfraquecimento da
irradiação social e cultural da poesia mais ela é objecto de celebração e de
auto-sacralização. Podemos pois dizer que os piores inimigos da poesia não são
os que acham que ela é uma inutilidade obsoleta (contra esses tem ela os seus
escudos), mas os que a celebram para a recomporem num estado teológico-poético.
Toda a história da poesia moderna nos ensina que o amor da poesia é o que de
mais pernicioso existe para ela. O Dia Mundial da Poesia é uma consagração
universal desse amor, celebra-a na sua ideia e no seu mito. Exalta-a no seu
“estado” eterno.»
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Ainda de
António Guerreiro, "O amor é polimorfo" – Recensão de Tudo são histórias de amor, de Dulce Maria Cardoso, Tinta da China, Fev.2014 | Ibidem