quinta-feira, 17 de agosto de 2017

José Sócrates tragicómico*

Em desagravo da peça de 12 páginas, incluindo a primeira e o editorial, no Público de ontem, "Justiça suspeita de gestão danosa na velha PT", o antigo primeiro-ministro José Sócrates preenche a página 47 do Público de hoje com 11 comentários subordinados ao mote "Não vem ao caso", da autoria do juiz brasileiro Sérgio Moro, e termina assim, negrito meu:
«toda a notícia, o editorial e a primeira página não passam de um serviço aos interesses económicos do proprietário, envergonhando o jornalismo decente e honesto.»

Sabido o fadário da convivência de José Sócrates e seus presuntivos capangas com a história, de 2005 para cá, designadammente da RTP, da TVI, da LUSA, do DN e do JN — e tendo por exemplo em atenção o artigo na Visão de 27.Jul.2017, "Como Sócrates quis comprar o Público" ou "Os planos secretos de Vara para calar os media", no Sol de 12.Ago.2017 —, não consigo deixar de sentir na coda «envergonhando o jornalismo decente e honesto»** a ressonância de um dos momentos mais arrebatadores nos guiões de tragicomédia escritos desde o século II antes de Cristo.

Sílvia Caneco, "Como Sócrates quis comprar o Público" | Visão, 27.Jul.2017 [5 páginas]




Mentira, infâmia, perseguição, cabala, injúria, esgoto, difamação maldosa, ignomínia!

Em tempo - 18.Ago.2017
Depois de fechado o verbete "José Sócrates tragicómico" dei com o testemunho de Henrique Monteiro no 'Expresso diário' de 17.Ago.2017, "Sócrates: para que não se esqueça". Não consigo deixar de citar:
«[...] Nunca conheci alguém que fosse simultaneamente tão malcriado, no sentido de ordinário, exigente no sentido de embirrento e censório. Não podia, em consciência, deixar passar, como se viesse de alguém, digamos, normal, aquela referência ao jornalismo decente e honesto.
Eu vi e sei que decência e honestidade não são conceitos muito aprofundados na consciência de José Sócrates.»

Repito-me, para esconjuro de dúvidas: votei no PS de José Sócrates nas legislativas de 2005 e, crédulo de mim!, nas de 2009 e nas de 2011. Não tendo nunca morrido idiossincraticamente de amores pela criatura, talvez andasse distraído ou, mais certo, não dispusesse então de conhecimento bastante para enxergar o lastimável farsante que José Sócrates hoje se me afigura.  
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* Espécie de sequela de "O engenheiro e os filósofos

** Sobre jornalismo decente e honesto Fernanda Câncio não diria melhor.