terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Da transparência e outros atributos

«Os políticos devem ter de dizer se pertencem a organizações secretas?»

Para responder NÃO, José Adelino Maltez escreveu um texto de alto lá com o charuto, mau grado a ortografia atroz do AO1990, em louvor da maçonaria:
«[...] O tal transcendente situado está, esteve e estará fora e além do que pode ser direito decretino. E esta metapolítica, em livre pensamento de convívio, até é a base da esfera pública da sociedade aberta pluralista, conforme a lição de Jürgen Habermas. Um sinédrio da razão cosmopolita do iluminismo, onde se regeneraram os mistérios antigos, num nascer de novo dos que não se confessaram ao príncipe, ao bispo ou ao próprio grão-mestre. Continua como uma das fundamentais resistências contra a exagerada privatização da presente multidão solitária e do consequente cesarismo. Constitui um infinito silêncio, que tanto é um dos direitos da personalidade, na defesa das convicções, como um dos fundamentos comunitários da cidadania constitucional, pela liberdade de consciência*.
Os parvos entram onde os anjos temem entrar.**»

Não obstante a grandiloquência de Maltez, que admiro, tendo para o SIM de Teresa Leal Coelho, criatura com quem, de resto, antipatizo.
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* Artigo 41.º da Constituição da República Portuguesa - "Liberdade de consciência, de religião e de culto"

** Alexander Pope [1688-1744], «católico-romano e maçon», citado por Fernando Pessoa em "Pela primeira vez na minha vida fabriquei uma bomba".