Cinco anos volvidos, insisto, Eduardo Ferro Rodrigues não presta.
Veja-se a cara de desdém nauseado e prepotente do presidente da Assembleia da República, dirigindo-se a um deputado, quando diz
«Defesa da honra?! Tão fachvor, diga lá o que tem a dizer.»
«Defesa da honra?! Tão fachvor, diga lá o que tem a dizer.»
[...]
Tem a palavra a senhora deputada Joceline, Joceline Katar Moreira ... E vamos continuar o debate, tem a palavra a senhora deputada Joacir Katar Moreira.»*
O aplauso longo e vibrante da bancada do PS diz muito da miséria moral daquela gente.**
A propósito desta bravata, concordo com José Pacheco Pereira. Como, aliás, já com ele concordara em assunto semelhante.
Falta ao insolente Eduardo Ferro Rodrigues, além de cultura democrática e educação cívica, aquilo que os portugueses designam por categoria. [Tou-me cagando para o segredo de justiça ... Há que salientar uma pessoa, um nome: José Sócrates!]
Aproveito para reconhecer que em Junho de 2015 me enganei nas contas. A repulsa mantém-se. Aumentada.
Ainda na sessão de ontem, deu-se o incidente entre Telmo Correia e Joacine Katar Moreira, por causa dos tratos de polé infligidos, com a bandeira do arco-íris em fundo, à bandeira portuguesa — não morro de amores por ela, confessei-o aqui —, na manifestação de solidariedade para com a deputada do Livre, em 21.Out.2019 junto ao Palácio de S. Bento.
Fui espreitar. Teve um orador que em 15 minutos de microfone em punho vociferou «na verdade» por 255 vezes, ou perto disso.
A coisa ia ponderada e serena — na parte da bandeira consegui perceber: linda, linda, linda de morrer!, e internacionalista, é esta — até que pelo 13.º minuto o meu entendimento analítico dos sortilégios do destino aleatório da problemática claudicou: «Na verdade, o Código do Trabalho tem que ser mudado ... porque tem consequências ainda mais nefastas para nós!»
Desculpem-me, mas o que é que este alucinado quer mesmo mudar na lei laboral?
Na verdade, a jornalista Fernanda Câncio denota adorar esta malta.
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* Ó doutor Ferro Rodrigues, aprenda o hino, porra!
** A miséria moral desce-se a galope.
João Bénard da Costa, "Fechar a casa", última das crónicas publicadas em 1989-1990 no semanário O Independente, reunidas em "Muito lá de casa" | Assírio & Alvim, 1993.