segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Leák e os órfãos e veterodevotos de Francisco Sá Carneiro

Já que me pedem, informo que ninguém em Portugal escreve com tanta graça e tanto talento engrenados como Rogério Casanova. Deixa a anos-luz a prosa piadética de Ricardo Araújo Pereira que, por sua vez e no que à escrita com graça concerne respeita*, fica notoriamente aquém de José Diogo Quintela, seu amigo de banzé.
Em quarto lugar, talvez Joana Marques.
- Sou da patafísica, Eremita, lamento decepcionar.

«Já que perguntam: vários folclores locais do Sudeste Asiático incluem uma figura mitológica que é uma espécie de mistura entre bruxa, vampira e monstro, associada à magia negra e ao canibalismo. 
[...]
Por outras palavras, as eleições directas para escolher o próximo líder do PSD vão realizar-se daqui a um mês e a RTP1 transmitiu nesta semana um debate entre os três candidatos: o doutor Rui Rio, o doutor Luís Montenegro e o Miguel (por mim, podem tratar-me por Miguel).
[...]
preocupado com o facto de a sua namorada ocidental ser agora uma cabeça canibal, Lionel Richie consulta um tio perito em magia branca. "É possível resolver isto?", pergunta, no mesmo tom de voz com que perguntaria a um colega de trabalho se o pode ajudar a fazer uma macro no Excel. O tio acede e reúne um grupo de trabalho. A feiticeira, já que perguntam, é derrotada, num duelo de bolas de fogo, a cabeça da antropóloga regressa ao seu lugar devido e toda a gente aprende uma lição valiosa: nem sempre é boa ideia aprender aquilo que os mortos têm para ensinar.»

Genial, desconcertante. Muito obrigado, Rogério Casanova.
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* Hoje, 11.Dez.2019, concerne lido em voz alta também me causou desagrado: não tanto o argg do risco na ardósia mas mais, no céu da boca, a sensação de uma mistura de açúcar com água que se deixa cozer lentamente até formar uma calda espessa e dourada.
Já agora, amigo caramelo, por favor!, não amalgame [e esta que efeito lhe provoca?] a maestria do Quintela na escrita, que é bastante, com a do «Outro Gato» do Observador que, está na cara, não nasceu para a prosa; uma dor de alma.