segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

José Sócrates

«[...] Quem vive à custa de outras pessoas é suposto fazer uma vida modesta, sem luxos, para não sobrecarregar quem o ajuda — não vive à grande e à francesa, não vai várias vezes de férias durante o ano, não viaja em executiva, não frequenta restaurantes caros.
Repito: moralmente, a sua conduta era menos condenável se o dinheiro fosse mesmo dele, ainda que vindo da corrupção.»

Pobre e tonto de mim, ingénuo e crédulo quando, entretido a exorcizar o pesadelo cavaquista e a piniculagem, me deixava ir no engodo do lausperene a José Sócrates no pagode do Miguel Abrantes e no «pardieiro» do Valupi  — e noutras capelas —, e nas prosas encomiásticas de Ferreira Fernandes e de Fernanda Câncio [DN e jugular] da governação do namorado desta, sem me sobrar discernimento para vislumbrar o ogre.

A propósito, mantém-se para mim mistério dos maiores, a par da partenogénese da Virgem e da genialidade de Pedro Cabrita Reis, a dedicação persistente e fervorosa de Valupi a José Sócrates, ano após ano, diariamente, sem a mínima quebra, contra a infestação, generalizada em toda a comunicação social menos no condomínio honrado de Daniel Proença de Carvalho, Afonso Camões, ... Ferreira Fernandes, Fernanda Câncio e Pedro Marques Lopes, dos pulhas e dos canalhas, da indústria da calúnia, do esgoto a céu aberto, da desonestidade intelectual, do assassinato de carácter — sim, Valupi diz assassinato mas ninguém é perfeito.
Não é de crime que falo mas de asseio puro e simples, de carácter.* Como consegue Valupi, um dos blogadores que melhor gramática praticam no burgo, estrénuo defensor da virtude e da nobreza da cidade, espadeirar com tais energia, perseverança e sanha em prol de um profuso trafulha como José Sócrates?

Por falar em crime, lidas as 3908 páginas do despacho de acusação no processo da "Operação Marquês", em que José Sócrates é o primeiro arguido, estranhei e decepcionou-me a omissão do, a meu ver, mais grave de quantos delitos ele possa ter cometido: o crime contra a Língua Portuguesa consumado na Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, em co-autoria com a trupe de delinquentes que o assistiam e convalidando a delinquência impune dos estarolas que o precederam, e esse, sim — não é difamação de pulhas avençados na indústria da calúnia —, cabal e publicamente admitido por extenso, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, aos 9 de Dezembro de 2010. Crime de lesa-pátria.
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* No Aspirina B sabe-se pouco e não se aprende nada sobre lei penal. Já do Porta da Loja, um dos blogues de melhor serviço público em Portugal [arquivo, recortes de imprensa, audiofilia, música, justiça...] não digo o mesmo. Por exemplo, "A prova indirecta no processo Marquês".