sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Homens, mulheres, judeus, gays… – Entredomínios na ordem desnaturada das coisas?

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Os uxoricidas ou se entregam à polícia ou se suicidam. Aquilo de que não há notícia é que se tenham suicidado ou entregado à polícia preventivamente, para não cometerem o homicídio. Em comparação com a violência política, racial e entre povos e nações, a violência dos homens sobre as mulheres fornece matéria para o livro negro mais volumoso da história universal. A lógica social da “dominação masculina” (para utilizarmos o título de um livro de Bourdieu cuja tradução portuguesa foi publicada pela Relógio d’Água) deixou os seus traços — e de que maneira! — na linguagem: a ética da virilidade refere-se ao vir, ao virtus.
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As estatísticas mostram que as mulheres entraram em força, no último século, nos lugares que antes eram dominados pelos homens; e que a divisão sexual do trabalho se alterou radicalmente. Mas o que as estatísticas não mostram é que a hierarquia se vai reconstruindo, como as relações de dominação se restabelecem, de outra maneira, no interior dos territórios que pareciam ter-se libertado delas. É o que acontece quase sempre nos meios exclusivos dos gays: reproduzem no seu território princípios de discriminação que têm como matriz a violência heterossexual.
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Para Weininger Otto Weininger (1880-1903) -, há uma equivalência entre a Mulher e o Judeu: ambos são privados de personalidade, privados de um Eu, falhos de grandeza e de valor próprio. Daí o axioma weiningeriano: “A mulher mais elevada está infinitamente abaixo do homem mais ínfimo”. Mulheres e judeus são, do ponto de vista de Weininger, responsáveis pelo declínio do Ocidente. Weininger era judeu (convertido ao protestantismo) e homossexual.»