segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pepino, alho-porro, dívida e culpa



«A caracterização que Enzensberger faz do “doce monstro de Bruxelas” tem algo de rabelaisiano.
[…]
Eis como ele descreve o caso célebre dos pepinos: “O regulamento 1677/88 prescrevia que estes cucurbitáceos, para serem comercializados na categoria ‘extra’, não deviam apresentar uma curva que excedesse uma altura máxima do arco: 10 mm para 10 cm de comprimento do pepino.”. Ao fim de 20 anos, a Comissão anulou este regulamento, mas manteve-se aquele que prescreve que os “alhos franceses devem apresentar uma coloração entre o branco e o branco esverdeado em pelo menos um terço do comprimento total ou metade da parte envolvida. No entanto, relativamente aos alhos franceses tenros, a parte branca ou branca esverdeada deve ter pelo menos um quarto do comprimento total ou um terço da parte envolvida.
- “O Rapto da Europa (Versão em 3D)”
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«A linguagem é o primeiro instrumento de todas as trocas, e muitos conflitos e desacordos têm origem em problemas de linguagem.
[…]
é conveniente saber que em Alemão a palavra que traduz a nossa “dívida” é a mesma que diz a nossa “culpa”: “Schuld” tem ambos os significados. As consequências desta determinação linguística para a economia são enormes, como podemos hoje avaliar.»
- “Ao pé da letra”