segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Manuel António Pina por António Guerreiro

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O estilo das suas crónicas foi sempre marcado por esta atenção quase maníaca e fetichista ao material de que eram feitas; e por uma redobrada atenção à ideologia que elas transportam. Por isso, o seu objecto era tantas vezes as palavras dos outros. Viu-se, nas palavras de homenagem que logo a seguir à sua morte chegaram de tantos lados, que o poeta detinha um capital simbólico que não é apenas o do poeta.
[…]
É, aliás, a faculdade de compaixão, no sentido mais literal da palavra, que faz da sua poesia um lugar de afectos que evitam cuidadosamente a dimensão mais expressiva - algo que seria sempre um modo de afirmação do Eu estranho aos processos e ao ethos da poesia de Manuel António Pina.»