na LER de Outubro de 2013 e a revista LER segundo Clara Ferreira Alves*:
“Pastoral Portuguesa”
- “Room 237 – O quarto escuro da
interpretação” [Teorias estrambólicas sobre “The Shining”, de Stanley Kubrick]
«[…]
Ver alguém
partir de premissas erradas para aplicar as técnicas erradas ao objecto errado
e assim chegar a conclusões tão distantes da realidade que nem sequer se podem
classificar como “erradas” é quase sempre divertido, desde que não resulte em
fatalidades.
[…]»
- ‘Consultório literário’
«[…] gostaria de o convidar a especular sobre uma
possível correlação entre a evolução das práticas clínicas e as doenças de que
personagens literárias foram padecendo ao longo dos tempos […]»
“Lolita – Estado de graça”,
sobre “Lolita”, de Vladimir Nabokov, Relógio d’Água/Julho de 2013 [«Uma nota
estupefacta para a presente tradução**, que representa um avanço estratosférico
sobre a anterior versão portuguesa***, e que, no esforço que exerceu para verter
uma prosa cuja eufonia funciona quase exclusivamente à base de aliterações, é
um trabalho de quase inacreditável competência e criatividade.»]
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* «Subvalorização
é coisa que não existe na “novíssima” literatura portuguesa. São todos
sobrevalorizados: os que publicaram, os que publicarão, e mesmo os que nunca
pensaram publicar e um destes dias, sem querer, ganham um prémio. A
inexistência de massa crítica e de discórdia, o facto de a única revista
literária portuguesa, “Ler”, ser um produto de lobby (o de Francisco José Viegas, com o seu índex de inimigos e
desagrados), e um “meio” pequeníssimo inquinado pela recusa da polémica (toda a
gente se conhece e todos dependem uns dos outros) faz com que os autores nunca
sejam sujeitos a um juízo literário liberto de constrangimentos e
cumplicidades. Que alguns mereciam. A “Ler” instituiu uma ditadura do gosto e
do marketing e exerce um poder de canibalização
que ninguém ousa contrariar. No corredor, pratica-se o escárnio e
maldizer. E lá vamos andando.»
Ao mesmo
tempo que se aprecia o desassombro com que Clara Ferreira Alves, que não
trabalha para a LER e a quem o Francisco que paga é o Pinto Balsemão, escreve estas coisas no Expresso sem precisar de tomates,
espera-se que, apetrechados com dois pares deles, os canibais José Mário Silva e Pedro Mexia, plumitivos residentes na
LER e com bancada crítica permanente no Expresso, não demorem a vir contrariar publicamente – no corredor não vale - a sua façanhuda e
plumitiva colega. De preferência, libertos de constrangimentos e cumplicidades.
** De Margarida
Vale de Gato. Parabéns, Margarida!
*** Tradução de
Fernanda Pinto Rodrigues para as Publicações Europa-América, 1974; depois, para
a Editorial Teorema, Círculo de Leitores, etc.