domingo, 20 de outubro de 2013

temos medo e está escuro

«[...]
tudo o que é importante acontece em pouco espaço. O corpo abre os braços e depois fecha-os. Abre e fecha os olhos. As pernas podem andar, muito ou pouco, mas depois param.
Nunca se morre em grandes espaços, por exemplo. A morte é uma coisa minúscula. Mesmo quem morre no grande deserto morre no corpo e este é sempre o oposto do largo e complicado mundo, é simples, modesto e pequeno; uma coisa que respira e come e fala e, depois, a partir de um certo momento, já não respira e já não come e já não fala.
No fundo, temos medo e está escuro, e nunca nos aproximaríamos dos outros se o ponto de partida não fosse já esta derrota.»