sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Banalidade do mal, banalidade do bem
«[…]
Sujeita a uma
repetição tão insistente, transformada numa expressão que "pegou" e
que, por isso, como dizia Barthes dos estereótipos, tem uma "nauseabunda
impossibilidade de morrer", "a banalidade do mal" ganhou um
outro poder: a de nos lembrar que existe uma banalidade do bem.
[…]
O Parlamento
tornou-se, desde há muito tempo, num palco onde se representa a vacuidade da
banalidade do bem. Paradoxalmente, esse bem banal caracteriza-se pela
obliteração da consciência do mal e, no plano dos instrumentos discursivos,
desconhece a ironia e a distância crítica da ordem da metalinguagem. Em suma, é
uma política - se tal nome merece - que desconhece a sua matéria primeira: as
palavras. E isto é exasperante, dogmático, sem saída.»
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António Guerreiro