«[…]
Quem lê jornais
não pôde deixar de assistir, nos últimos dias, ao espectáculo obsceno de uma
guerra conjugal entre uma apresentadora da televisão e um ex-ministro da
Cultura. O assunto é mesquinho, mas revelou algo que convém notar: até jornais
com um respeitável passado se comportam perante a imundície jornalística como a
esquerda francesa face à extrema-direita, seguem-lhe o rasto para não ficarem
para trás.
[…]
o Expresso prova
que, em tempos de ascensão da lumpen-burguesia, ele está perfeitamente à altura
da sua época. Do Verão azul da Comporta às imundícies negras das Avenidas
Novas, o seu raio de acção é amplo e ele sabe que não tem de se envergonhar por
conviver com lixo público conjugal (sobretudo quando é produzido por quem é)
nem tem de, por razões metodológicas, colocar tacitamente esta pergunta aos
seus leitores: "Qual é o limite a partir do qual sentem vergonha?".
Tal pergunta implícita abriria uma fissura entre a lumpen-burguesia, que ele
acarinha e o acarinha a ele, e uma classe de leitores que, embora relutante,
regressa todos os sábados para uma oração matinal.»
António Guerreiro, “Da Comporta às Avenidas Novas” | Público/Ípsilon, 01.Nov.2013
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"Carrilho trágico"
Fernanda Câncio | DN, 01.Nov.2013
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"Carrilho trágico"
Fernanda Câncio | DN, 01.Nov.2013