São tão parecidos, o roto e o nu, que dificilmente se poderiam
encontrar, no desgraçado Olimpo da política portuguesa, duas almas tão
gémeas (com a excepção dos trigémeos Duarte Lima, Dias Loureiro e Oliveira e Costa): a mesma origem beirã, o mesmo fascínio por Paris, a
mesma imitação de Jack Lang, o mesmo gosto pela passadeira vermelha -
que percorrem com os mesmos fatos impecáveis -, a mesma vocação
filosófica, a mesma propensão para serem alegadamente culpados, o mesmo
hábito de serem regularmente presentes a juízes; e, o mais importante, o
mesmo PS.
Carrilho e Sócrates são figuras principais de um PS que
todos gostaríamos de esquecer, menos, aparentemente, o próprio PS, que
todos os dias o lembra a toda a gente: um PS que alegadamente bate na
mulher; um PS que alegadamente recebe dinheiro sujo; o PS de Carrilho e
Sócrates.
Como poderá um cidadão, minimamente decente, rever-se nesta gente?
Como poderá um cidadão, preocupado e atento à política, confiar num partido que alberga tamanha corja lavadeira de roupa suja?
Como
poderá um cidadão, simultaneamente farto das políticas de hoje e dos
escândalos dos políticos e dos empresários de ontem, acreditar que o PS
está diferente, quando uma súcia de socialistas passa dias a cantar
"grândolas" à porta da prisão de Évora?
[...]»Pedro Bidarra, "Diz o roto do nu" | DN/Dinheiro Vivo, 18.Abr.2015