terça-feira, 20 de outubro de 2015

Escrúpulo, ganância

«Aviso: este texto é chato, mas às vezes acontece. 
O que têm em comum os escândalos do BES, PT, BPN, BPP? A total ausência de ética. Ou então uma ética marcada por valores morais que não aqueles que aceitamos como normais.
O BES caiu por razões diferentes do BPN, do BPP ou mesmo da PT. Mas se espremermos bem as trafulhices, os roubos, as falcatruas e as mentiras ficamos, no fundo do ralo, com o refugo do pior comportamento humano.
A economia mundial está cheia de exemplos parecidos onde a falta de escrúpulos deitou por terra instituições inteiras. Infligindo em milhares de pessoas perdas e danos consideráveis. E não estou só a falar de questões monetárias. Pelo caminho ficaram destruídas vidas e sonhos só porque alguém se achava superior e intocável.
[…]
ficamos a saber que mascarar, mentir, esconder, roubar são comportamentos normais nos mais variados espectros do mundo dos negócios.
Mas não exclusivamente.
[…]
Ser hoje a favor de uma coisa e amanhã do seu contrário faz, por exemplo, parte do jogo político. E aceitamos isso com um encolher de ombros. Aceitamos que Passos Coelho diga o pior do programa do PS para depois acabar por o elogiar e defender algumas propostas. Aceitamos que António Costa negoceie com uma esquerda que ele desdenha e com a qual nunca se irá entender. Aceitamos que Jerónimo de Sousa finja que tolera a NATO e que Catarina Martins venha defender o euro, algo que nunca fez. Deitamos fora a ética a favor de um bem maior. Só que neste caso o bem maior é apenas o deles. O do poder. O da mera sobrevivência do ego.»

Isso, João, é isso.
Só falta a concordância pública do inefável reverendo Tolentino, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa. E talvez o mundo melhore. Um tudo-nada.