Por estes dias li e ouvi encómios ao discurso; parece que fora coisa densa e poética. «O discurso dela é um discurso muito forte.», exarou o doutor Alberto Martins.
Fui ver. Transcrevo:
«[...]
Sinto que o meu primeiro dever é o de enunciar de forma sucinta e clara as razões políticas da minha candidatura à Presidência da Rêpública, dando assim resposta à pergunta legítima que todas e todos* têm o direito de fazer. Porque é que decidi candidatar-me à Presidência da Rêpública?
[...]
Candidato-me à Presidência da Rêpública porque estou convicta que posso ** dar um contributo pessoal e político para a melhoria das condições de vida dos meus concidadãos…
[...]
Candidato-me à Presidência da Rêpública porque pretendo dar um sentido de unidade e de pertença, assente na dignidade da pátria e no orgulho de ser português, a todas as portuguesas e portugueses* espalhados pelo mundo.
[...]
Caras amigas, caros amigos, caros concidadãos*, numa rêpública democrática não há coroação nem nomeação para a presidência.
[…]
Olho para o meu país e vejo o talento das portuguesas e dos portugueses*, uma nação valente que não se vêrga às adversidades.***
[…]
Caras amigas, caros amigos, caros concidadãos*, … O meu compromisso é … o de realizar uma presidência das pessoas, uma presidência para as pessoas, uma presidência pelas pessoas, uma presidência com as pessoas.
[…]
É minha convicção que Portugal deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para manter, completar e aprofundar o projêto de integração europeia. Este projêto de realizar uma união política europeia é absolutamente vital...
[...]
Portugal que todas e todos* queremos e que só com as palavras de um poeta podemos atrever-nos a descrever: 'O teu destino é nunca haver chegada / o teu destino é outra Índia e outro mar / e a nova nau lusíada apontada / a um país que só há no verbo achar.'»
Maria de Belém citou explicitamente Amayrta Sen e — podia lá faltar!?, ainda por cima com dois padres a bordo... — o Papa Francisco. Não se entende porque não identificou Montesquieu [«nas palavras de um grande pensador da liberdade e da democracia, 'desse amor à igualdade que é o amor à pátria'».], mas entendo que nomear o bardo de Águeda, ali presente e abençoador, pudesse soar a demasiado putedo ou a concubinato poético ["Portugal"].
A técnica foi a do estribilho. Por cinco vezes brandiu cada um dos três principais:
- Candidato-me à Presidência da Rêpública...
- Caras amigas, caros amigos, caros concidadãos...*
- Olho para o meu país e vejo...
Nos 20 minutos e 35 segundos que a arenga redonda durou, deram-se 16 efusões de aplauso. Na sala Sophia de Mello Breyner do CCB, em 13 de Outubro de 2015 repleta como nunca de gente moça, ninguém contudo superou o estrídulo empolgamento do jovem sentado na ponta direita desta fotografia.
Admito que foi discurso para valer mais do que um peido furado; mas não mais do que uma unha roída.
Uma coquetezinha, betinha, videirinha, catolicazinha, tagarelazinha na Presidência?
*** Força na verga e viva a Nação!
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Discurso integral [vídeo amador].
Outros vídeos com partes da apresentação da candidatura:
** Já agora, «estou convicta de que posso»; diz ela de que.
demarco, Masculino de Portugal:
- república
- não se verga
- projecto
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