terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Legislativas de 30.Jan.2022 - Resultado

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Portugal, domingo, 30.Jan.2022
11h00
Hábitos apalhaçados e cidadãmente pouco recomendáveis do arlequim.
Por falar nele, ou me engano muito ou, na nova conjuntura, Marcelo Rebelo de Sousa tenderá nos próximos quatro anos para uma espécie de corta-fitas, diferenciando-se do Cabeça de Abóbora em pouco mais do que no talento e no frenesim. Não acrescentei na natação por me lembrar de que o outro era almirante. Mas vendo bem, Marcelo é seguramente melhor nadador já que o outro, homem da Marinha, nem precisava de saber nadar. Afinal, para que servem os barcos?

19h54
Fico a saber que o biólogo sportinguista Vasco M. Barreto, por quem nutro antiga admiração e com quem tenho afinidades avulsas, desde logo na música, possui uma presumível cadela Olívia. Confessando certo e inesperado desapontamento, aposto em que nenhuma sua amiga próxima, parente até ao 4.º grau da linha recta ou 3.º da colateral, ou nenhuma pessoa que ele verdadeiramente estime, se chama Olívia. Olívia na minha terra é nome de mulher, por sinal, bem bonito.
Amigo dos animais tem as suas lérias...
Bem sei, sou um humanista radical. Vá, ria.   

20h00

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Resultado
22h10
Jerónimo de Sousa, titubeante, lendo: «O resultado obtido nas eleições de 30 de Janeiro de 2022 traduz uma queda eleitoral com significativa perda de deputados, incluindo a representação institucional do PEV. Um resultado que, ficando aquém do trabalho realizado e do notável contributo ..., representa um elemento negativo no plano da vida nacional.»
Caras trágicas do serão: Jerónimo e José, não eleito, inquilino de S. Bento desde a idade média.

22h30
Catarina Martins, sob jubiloso aplauso: «O resultado do Bloco de Esquerda é um mau resultado, é uma derrota, e neste partido encaramos as dificuldades tal como elas são. ... É por isso um dia difícil e um mau resultado com que saberemos viver ... Este é também um mau resultado por causa do resultado que teve a extrema-direita e o Chega, e devemos abordar isso também com clareza. É verdade que o Chega fica aquém do que teve André Ventura nas eleições presidenciais.*»
Catarina não aprendeu nada com o resultado radiante de Marisa Matias em 24.Jan.2021.
Na configuração anterior no hemiciclo, duas Mortáguas entre 19 BEatos ainda vá que não vá; a sororidade passava diluída. Doravante, com duas gémeas entre cinco BEatos, 40% da bancada, convenhamos que aquilo fica um bocado deprimente, consaguinidade excessiva. 
* Que desplante, que desonestidade, doutora Catarina Martins! Avalie bem as suas e as perdas de AV e, por favor, não compare o incomparável. Ou quer que volte às presidenciais de Marisa? Fixe-se nas legislativas, seja asseada.

23h15
Rui Rio: «Toda a gente que me conhece sabe que é importante isto que eu vou dizer. Nós ficámos com um resultado eleitoral substancialmente abaixo daquilo que pensávamos que íamos ter.»

Rente à meia noite
Rui Tavares, 'esquerda verde europeia no parlamento português', em abaritonado Lá bemol maior: «Bem unidos façamos esta luta final, uma terra sem amos, A Internacional!»
RT, insisto, não engana. Mais bem dito, engana e não é pouco. Vejamos:
Que credibilidade pode inspirar este doutor bem-falante, sabedor e muito articulado — como os devotos urbanos usam referir-se-lhe — se, até no próprio hino em que se lhe subsume a alma, troca o correcto «nesta» pelo disparatado e sem  sentido «esta»?...

00h35, 31.Jan.2022
Francisco Rodrigues dos Santos: «Sobre o resultado eleitoral desta noite, ele é mau em dois sentidos, é mau porque confirma o caminho do socialismo para Portugal»

01h00, 31.Jan.2022
Inês Sousa Real, metralhadora daquilo que é, sob aplauso estentóreo de 20 segundos: «Este resultado, que é um mau resultado não só para o PAN mas para a democracia ... a direcção terá que fazer a sua reflexão interna em relação àquilo que é a estratégia ... É um mau resultado que assumimos ... mas também é um resultado mau para a democracia.»

Conclusão do resultado
Pelo que se ouviu, ninguém teve pior do que um mau resultado.
Só posso admitir que os dicionários de Catarina Martins, Francisco Rodrigues dos Santos, Inês Sousa Real, Rui Rio e Jerónimo de Sousa foram adquiridos na mesma livraria. Em todos falta este superlativo absoluto sintético que, em o havendo e se o empregassem, com maior verdade teriam falado aos portugueses daquilo que todos os portugueses viram. E se calhar falta este substantivo e também falta este
Dêem-se ao respeito, bolas! As palavras contam.

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Não gosto da Iniciativa Liberal.
- ... do Iniciativa Liberal,  Plúvio.
Ai é? Não gosto na mesma. E decidam-se, foda-se: o ou a?

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Subvenção
Vá lá saber-se porquê, fala-se pouco dela. Por exemplo, e é só um exemplo que não traduz qualquer obsessão pessoal pelo sujeito — ai de mim! :) —, alguém acredita que o fervor de Rui Tavares em campanha fosse o mesmo sem o apetecível comburente da subvenção?
Sem prejuízo da comparticipação específica legal nas despesas de campanha, e de outros financiamentos, o partido que no conjunto dos círculos eleitorais tiver obtido um mínimo de 50.000 votos receberá anualmente uma subvenção de 2,95€ por cada voto, independentemente de eleger deputados, neste caso desde que a requeira ao Presidente da Assembleia da República. Assim, no total dos 4 anos da XV legislatura [2022-2026] a organização partidária contemplada sacará do Orçamento do Estado 11,80€ por cada voto
Ante os resultados nesta altura sabidos [magnífico 'site', diga-se, que o Plúvio não chove só vitupérios...], os mealheiros ficarão arredondada e aproximadamente assim:

PS- 26.550.000€
PPD-PSD- 17.700.000€
CHEGA- 4.555.000€
IL- 3.174.000€
BE- 2.832.000€
PCP- 2.797.000€
CDS-PP- 1.030.000€ 
PAN- 968.000€
LIVRE- 814.000€
É cacau e viva o pluralismo democrático! Muito mais caro nos ficaria se não vivêssemos nele.

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Meus pequenos desgostos
- não eleição de João Oliveira. Faz falta. Excelente operário parlamentar;
- eleição de Inês Sousa Real. Medíocre e medonha.

Meus pequenos contentamentos
- lição do país ao BE, seita de 'meninos de família', arrogantes, trotskistas disfarçados, perigosos. Discípulos de Boaventura Sousa Santos, o bonzo de Coimbra. Sempre prestaram para pouco. Nem uma aldeia de Portugal se lhes confia para a governar. O povo às vezes tem intuições acertadas;
- derrota de Rui Rio, um tiranete vingativo, pouco culto e mal educado, que estava a deixar os habituais inimigos do Ministério Público, com Pedro Marques Lopes a timoneiro, salivantes de esperança em que RR, uma vez primeiro-ministro, haveria de frenar de vez a sanha justiceira dos senhores procuradores da República; derrota deste PSD, uma confraria de lambe-botas de RR, toscos em geral;
- PCP ter ficado com um grupo parlamentar maior do que o do BE. Por mim, contribuí para que na minha freguesia ficasse em 3.º lugar, à frente do CHEGA, da IL e do BE;
- maioria absoluta do PS, por tornar dispensável o PAN e por reduzir o LIVRE a uma inutilidade redundante e balofa. Faço de Rui Tavares — e eu chame-me Deniz Costa se me anima alguma embirração particular por RT :) —, outro trotskista encoberto, em registo suave cosmopolita, que defende a independência da Catalunha e o Acordo Ortográfico de 1990, a ideia de um narcisista pesporrente eleito no Twitter e pelo eixo Lux Frágil-Bairro Alto-Campo de Ourique-Telheiras.

Espanto do dia
Nem pequeno desgosto nem pequeno contentamento; talvez Uma coisa em forma de assim, valendo-me de Alexandre O'Neill:
- 12 deputados do CHEGA.
Pelo menos garantem uma coisa à melancolia lusitana: circo em S. Bento. Sem a Joacine, o João Oliveira, a Cecília Meireles e o Ascenso Simões, aquilo vai precisar de animação.

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Cá vamos de pesadelo em pesadelo.

Foi assim.