Alguém convenceu o doutor Pedro Marques Lopes — abesolutamente categórico e sem dúvidas, eternamente assombrado com a malignidade da Justiça, o mais patareco, cartilagíneo e movediço dos comentadores-saltimbancos que por aí arengam — de que escreve bem. Pedro Marques Lopes convenceu-se disso, levou-se a sério, levam-no a sério, e pôs-se a render.
Não conheço quem cague tanto na comunidade; isto é, ninguém que cague tanta comunidade:
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De tudo, o que mais impressiona é a forma como aquele comentário* não causou um tumulto na comunidade.
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Ouvimos uma ministra da Justiça a dizer que fala para o telefone como se fosse um gravador, vemos peças processuais em segredo de justiça a aparecer nos jornais, escutas circulam como se nada fosse, sentenças são lavradas dizendo que se julga interpretando o sentir da comunidade e tudo é encarado com normalidade
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Não é necessário tentar explicar o que significa termos uma comunidade em que o melhor horizonte que tem para os seus cidadãos é de ter daqui a cinco anos um desemprego e subemprego real de cerca 18%
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Basta apenas dizer que uma comunidade sem esperança é uma comunidade à beira da morte.
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Nem não fizemos, como comunidade, o suficiente para estarmos a salvo dos terramotos que aconteceram, nem os erros europeus na resposta à crise explicam todas as nossas maleitas.
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Mas há dois aspetos essenciais que os novos governantes gregos - de que, tenho a certeza, vou discordar muito no futuro - trouxeram e que eram e são essenciais: o declarar alto e em bom som que o caminho seguido vai destruir a sua comunidade
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A questão é: pode uma comunidade manter-se minimamente coesa com taxas de desemprego como as que Portugal ou a Grécia têm
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ninguém como os alemães conhece melhor os problemas que uma economia severamente deprimida, um povo humilhado e a ausência de esperança pode provocar numa comunidade.
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Que um país perder em três anos 7% da população activa não será um bom indicador para o futuro da comunidade.
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Conheço bem a ladainha "no meu tempo é que era" e estou cansado de ouvir mui sérios discursos sobre a perda de valores éticos e morais da comunidade, nomeadamente os dos nossos jovens.
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Comparar o nível de protecção que a comunidade dedica aos jovens de agora, o seu nível de informação, os cuidados que têm com o sexo, só para lembrar estes aspectos, com os do meu tempo é de rir à gargalhada.
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Mais, existe a convicção da comunidade de que estão erradas, e antes não havia ou pelo menos convivia-se com naturalidade com elas.
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as redes sociais amplificam a humilhação, mas servem também para a consciencialização da comunidade de muitos problemas de que apenas desconfiamos e até para alguma pedagogia
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A recuperação da vítima e dos agressores é um encargo nosso como comunidade e, claro está, das suas famílias.
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Aliás, foi bem revelador da preocupação da comunidade com estas situações e da forma como não estamos dispostos a tolerá-las o sentimento de revolta que se gerou.
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não percebem que a autoridade que lhes é conferida é instrumental, que deve ser exercida em função da comunidade e dos cidadãos e não como um fim em si mesma. Talvez isto seja resultado de 50 anos de ditadura, talvez por os vários poderes dentro da comunidade, ao longo dos tempos, terem crescido sempre de forma autocrática,
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Não de vez em quando, mas de forma constante até que toda a gente fique ciente do drama que estamos a viver como comunidade.
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É à nossa morte como comunidade que estamos a assistir e olha-se para isto como se fosse apenas mais um problema.»
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a mensagem política está transmitida: destrói-se definitivamente a Grécia e ninguém mais se oporá ao diktat, implode-se uma comunidade e ninguém correrá o risco de votar em partidos que não defendam esse caminho.
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não estarmos a viver o drama dos gregos diz muito sobre o caminho que a Europa tomou, exprime bem o ponto onde estamos na construção duma comunidade de povos mais coesa, mais integrada e mais justa.
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A continuação das actuais políticas, do aprofundamento do desemprego estrutural, das desigualdades, da falta de investimento, da emigração em massa, conduzirá de forma lenta mas inexorável à perpetuação da austeridade e ao desfazer dos laços que ainda unem as comunidades.
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E um povo que está disposto a sacrificar o presente para, pelo menos, tentar um futuro melhor para os seus filhos é um povo que mostra estar bem vivo, é uma comunidade que tem consciência da sua eternidade. Se faltassem razões para que façamos os possíveis e os impossíveis para que os gregos fiquem na Europa, para que construamos uma comunidade europeia juntos, estas lições bastavam.»
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o que não nos disseram é que não íamos poder participar nos assuntos que dizem respeito a todos, nomeadamente à própria comunidade onde vivemos, que ficaríamos sujeitos a um diktat.
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Confiança, o cimento que transforma um conjunto de pessoas, um conjunto de vários países - no caso concreto - numa comunidade.
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Julgar que se constrói uma comunidade humilhando um povo que se quer parte dessa mesma comunidade é não querer construir comunidade nenhuma.
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opções ideológicas que merecem debate e que são até o cerne de opções fundamentais para a comunidade.
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Não se propõem mudanças radicais na maneira como a comunidade está organizada - financiamento da Segurança Social, educação, saúde - não explicando exactamente ao que se vem.
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que discussão teria mais sentido nesta campanha eleitoral? A desta mudança estrutural na nossa comunidade, a de sabermos porque cresceu tanto o número de pessoas que levam a miséria de 505 euros para casa por mês
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se somos nós os primeiros a não querer falar, a não querer discutir questões básicas para nossa vida, para a nossa comunidade, que autoridade temos para exigir que nos esclareçam?
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Pensar que o poder judicial é imune ao ambiente reinante numa comunidade é, evidentemente, um disparate.
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Será que uma comunidade em que constantemente está na ordem do dia a vontade de inverter o ónus da prova - a célebre lei do enriquecimento ilícito -, em que jornais de grande tiragem exibem impunemente matérias em segredo de justiça, em que escutas são habilidosamente colocadas à disposição do público para gerar percepções de culpa, permite uma boa capacidade dos operadores de justiça para aplicar convenientemente a lei?
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O colapso dum grande banco, duma instituição financeira onde se encontrava cerca de um quarto da riqueza nacional, é uma questão que tem de ser tratada diretamente pelos que elegemos para conduzir os destinos da comunidade.
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Mas o pior foi a intenção por detrás dessas decisões: gerir com objectivos eleitorais um problema que afecta duma maneira vital a comunidade.
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como era óbvio desde o início do processo, as perdas para a comunidade vão ser avultadas
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só faltava mesmo um primeiro-ministro que acha que deve organizar operações de caridade pública em vez de tentar resolver os problemas da comunidade.
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A preservação da memória é uma tarefa fundamental da comunidade e está, sobretudo, a cargo de quem nos representa.
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uma intervenção activa que nos recorde da importância da nossa história e do que isso representa no objectivo de criar laços na comunidade, de coisas que nos unam. Não chegava ter assistido impávido e sereno ao fim de feriados importantes para a comunidade
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Mas, sejam quais forem os resultados, nada de decisivo para a nossa comunidade, nada de estruturante estará em jogo.
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finalmente estamos a perceber como comunidade que há poderes superiores à nossa vontade, às nossas deliberações e que demasiadas vezes a sua lógica não tem que ver com o bem comum, mas apenas com a ganância de meia dúzia de indivíduos.
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Talvez pouco possamos fazer como comunidade - e pequena - contra essa realidade, mas há armadilhas em que não podemos cair, tentações que temos de evitar.
[…]»
Faça-se um exercíco. Que deixaria de se compreender suprimindo «a/da/na/uma/numa/nossa comunidade» ou o empolgante e ridículo «como comunidade» dos textos?
Nada.
Escrevendo mal, Pedro Marques Lopes, licenciado em Direito pela Católica, não fala melhor: diz abesolutamente, idoniedade, espontaniedade, o ênfase, niglegente, como se houvessem bons só de um lado…
- Diz-me agora, Plúvio, não é animosidade cega e gratuita contra o homem?
Nada disso! Pedro Marques Lopes figura-se-me, até, gajo porreiro, portista frequentável, bom homem de família. Além de que desfruta da amizade cúmplice do insigne e insuperável Ferreira Fernandes, o que, não sendo pouco, é muitíssimo.
E, nada despiciendo, tem óptimos agudos, cabelos de chuva, sapatos de tiras... ** ***
E, nada despiciendo, tem óptimos agudos, cabelos de chuva, sapatos de tiras... ** ***
- Mas, ó Plúvio, não achas que deverias refrear a caganeira adjectivante?
Acho.
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* A crónica começa assim: «"O juiz, depois do procurador Rosário Teixeira ter pedido a prisão preventiva, afirmou que esta medida de coacção, a pecar, não era por excesso. - DN de 27/1."»
"... depois de o procurador ... ter pedido ..." é que seria boa gramática. PML nem a citar acerta, já que na convocada notícia do DN, de 27.Jan.2015, a coisa fora redigida sem erro.
** Já agora: PML diz «se ao menos tivesses direito a mexer» e é «... direito a viver»; PML, «teu corpo é um rio onde a sede escorre» e é «... onde a sede corre», conforme Joaquim Pessoa escreveu e Carlos Mendes canta.
Mas elogie-se a afinação de PML e por aguentar o mesmo puxado Ré maior de Carlos Mendes.