domingo, 11 de junho de 2017

«dominar perfeitamente o português»

Sob o título alternativo "Queres trabalhar no i e no Sol?" / "Queres trabalhar no Sol e no i?", o i "online" e em papel de 09.Jun.2017 e a edição em papel do Sol de 10.Jun.2017 trazem o seguinte convite a licenciados com entre 21 e 30 anos: 
«O i e o Sol vão abrir um concurso de estagiários. Ponto prévio: quem não ler jornais e não for uma pessoa profundamente informada sobre o que se passa no país e no mundo, não vale a pena candidatar-se. Segundo ponto prévio: quem não dominar perfeitamente o português – falado e escrito – também não deve continuar a ler isto.»
[...]
E acaba:
«Se pensas que podes ser candidato a estagiário no i e no Sol, envia um texto de 3000 caracteres sobre as eleições no Reino Unido, que decorreram na quinta-feira; uma notícia de 2500 caracteres sobre o discurso do Presidente da República que vai acontecer amanhã, no 10 de junho, e ainda uma carta com as razões porque queres ser jornalista. Além do CV, claro.
Os candidatos devem enviar os textos até terça-feira, dia 13 de junho para o mail opinião@newsplex.pt. Quem for selecionado será depois convidado a prestar provas já no jornal. O estágio será, obviamente, remunerado.»

Em tão pouca prosa e não desconsiderando a redacção acordistada do convite,
- vírgula indevida a seguir a «no mundo»;
- incumprimento da alínea e) do n.º 2 da Base XIX do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 [Plúvio a fazer de advogado do diabo] em «no 10 de junho». Bem, «no 10 de Junho»;
- erro grosso «em as razões porque». Bem, «as razões por que»;
- vírgula em falta a seguir a «13 de junho». 

Ante isto veio-me inevitavelmente à lembrança o requerimento de estágio de uma moça licenciada em "Gestão de Recursos Humanos" — designação que, se me concentro nela mais do que os dois segundos de um hausto, me causa necessidade urgente de um anti-histamínico — que me passou pelas mãos em finais dos anos '90 do século passado, trabalhava eu na melhor companhia aérea do mundoNo item "Conhecimento de línguas", a jovem cursada em tretas afirmava deter «domíneo oral e escrito da lingua portuguêsa». Três erros, uma mentira. 

Quem acode?