Sou pouco tolerante a pichagens e aos diversos modos e géneros de vandalização dos equipamentos públicos, disfarçada amiúde de arte. Quando dou com painéis de horários grafitados fico possesso.
Ontem, no cais do metro de Entrecampos senti-me interpelado por um «te amo» escrito estrategicamente ao lado da flor-logótipo da Linha Amarela.
Confesso: rendi-me, achei graça e fiquei um pouco mais receptivo à bondade — neste caso servida pela mestria que apagou todas as letras de «Entrecampos» estranhas à mensagem, com a mutilação cirúrgica do "p" até ficar "o" — por vezes implícita em actos censuráveis, prejudiciais ao interesse primordial público.
Duas mulheres a precisarem de ser vistas, cada qual com sua razão:
- Clara Ferreira Alves, vendas;
- Teresa Leal Coelho, votos.
Talvez, arrisco eu.