Enquanto a Austrália arde, a Indonésia submerge e a guerra não começa, vivo no melhor lugar do mundo.
«Aquilo não é propriamente o bairro da Jamaica, não estamos a falar ali da Bobadela.»
«Esta classe média que era pobre antes de se tornar média, se mora na Bobadela não quer ir morar para os Olivais. Quer é instalar-se em Nova Iorque.»
«Este John Travolta da Bobadela está a coisa mais linda do mundo!»
«O arraial da Bobadela, do Algueirão e de Caxias. Os santos populares nos subúrbios.»
«Eu já comecei a aceitar a Bobadela na minha vida.»
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Moro na Bobadela, concelho de Loures [não confundir com esta Bobadela, esta Bobadela ou esta Bobadela], desde 1981.
Vivem aqui sportinguistas, indianos, brancos, chineses, pretos, testemunhas de Jeová e alentejanos simpáticos, em proporção harmonizada.
A Bobadela é um sítio soalheiro e arranjado. Tem uma pastelaria óptima a que o meu amigo João chama "a Versailles da Bobadela" e dois restaurantes supimpas: este e este onde ainda hoje almocei umas belas lulas grelhadas. E, não menos importante, tem o Elias.
Tejo a Sul, Trancão a Oeste, Centro de Acolhimento para Refugiados e Jerónimo de Sousa a Norte, que mais posso querer?
E portanto não tenho a menor dúvida devo dizer à dona Clara Ferreira Alves: «E se falasse ali do Caralho, que fica no enfiamento do Páteo Bagatela** de quem está de costas para a civilização»?
Fodam-se igualmente Ana Marques, Paulo Farinha e Xana Alves que nunca deverão ter posto cá os pés. Paulo Farinha, jornalista que prezo, teria obrigação de averiguar que arraiais de santos populares na Bobadela, azar seu, não são costume.
E não, caro e persistentemente formidável [como ainda ontem - "Às ordens do cliente"] António Guerreiro, confirmo que não me apetece nada «ir morar para os Olivais», mas muito menos para Nova Iorque.
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* Os kikos de Cascais dizem conceito.
** Eis a incomodada senhorita clamando no melhor semanário nacional contra a favela onde reside:
«[...] tudo, rigorosamente tudo, mudou para pior desde que lá comecei a morar. […] Recapitulando, nesta imundície não se consegue respirar. Não se consegue estacionar. Não se pode protestar. Não há um canto que não tenha buracos, pedras da calçada fora do sítio, desnivelamentos e armadilhas para os velhos. As baratas deslizam no Verão.
[...]»
Clara Ferreira Alves, "Tu és a revolução" | Expresso/E, 29.Set.2017
«[...] tudo, rigorosamente tudo, mudou para pior desde que lá comecei a morar. […] Recapitulando, nesta imundície não se consegue respirar. Não se consegue estacionar. Não se pode protestar. Não há um canto que não tenha buracos, pedras da calçada fora do sítio, desnivelamentos e armadilhas para os velhos. As baratas deslizam no Verão.
[...]»
Clara Ferreira Alves, "Tu és a revolução" | Expresso/E, 29.Set.2017
Ó doutora, saia da merda, a vila de Bobadela acolhê-la-á. Até rima com Bagatela e tudo...
Só para dar um cheirinho, veja-me a pinta desta sala de estar. Que tal? Por que espera? Venha, não se acanhe que eu apresento-a ao condomínio.