«Tudo isso se agregava sobre uma tradição histórica e um espaço geográfico que, para lá dos conflitos, das oposições, das tensões e das guerras, religavam os seis países fundadores, num ideal humanista e cristão que aproximava e tendia a integrar a Europa do Norte e a Europa do Sul, a Europa protestante e a Europa católica, como já Damião de Góis tinha tentado, entre Melanchton e Sadoletto...
Numa Europa ainda devastada pela guerra, nunca teria sido possível começar pela cultura, uma vez que a cultura não era disciplinável, nem institucionalizável, nem negociável, nos termos em que se podia dizer que o eram a vida política, a vida económica, a vida social.»
[…]
Sem a solidariedade, a Europa torna-se uma pesada avantesma e pode desaparecer de repente como o Adamastor n'Os Lusíadas: "Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro / Bramido muito longe o mar soou".»
Quando não se lhe tolda a pena - e a pena tolda-se-lhe sempre no êxtase ditirâmbico com que fala do PSD e no paroxismo demoníaco com que se refere ao PS - o Vasco Graça Moura parece luminoso.
Para mim, quero dizê-lo, vale sempre a pena, até quando ensandece. Porque o homem escreve muito bem.