«Houve um tempo, ainda não muito distante, em que o motivo de debate eram as metodologias da crítica e o modo como ela se situava no interior das ciências humanas (era o tempo em que a diferença entre a “crítica impressionista” e a “crítica universitária” tinha um valor importante na economia dos discursos). Esse tempo, e tudo o que nele estava em jogo, tornou-se caduco, ultrapassado pelas circunstâncias. E nada representa melhor essa caducidade do que as famigeradas estrelas, as listas, os balanços anuais, as antecipações de “o que aí vem”. Com estes métodos de classificação e de hierarquização, a crítica, que tinha consistido em transformar a opinião em conhecimento (como dizia Samuel Johnson), é solicitada a fazer o contrário: transformar o conhecimento em opinião.»