terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Que

podem ter tido em comum sátrapas carniceiros como Nicolae Ceausescu, Mobutu Sese Seku ou Jonas Savimbi, se se lhes juntar o apenas corrupto Betttino Craxi?
Isso mesmo, caro e informado leitor: de todos eles o fixe Marocas, pai da democracia portuguesa, em quem votei sempre e continuaria a votar, se reclamou a seu tempo estrénuo admirador e amigo.
Por isso, quando o óptimo do Carlos Vaz Marques resolveu abrir a conversa com o doutor Mário Soares, na LER deste mês, pela questão da amizade,  
Carlos Vaz Marques- Fez mais amigos ou inimigos ao longo da vida?
Mário Soares- Inimigos, acho que tive muito poucos. Amigos tive muitos felizmente.
[…]
CVM- Distingue entre amigos pessoais e amigos políticos?
MS- Não. Nunca distingui. Os amigos são os amigos. Podem ser também correligionários mas isso é um acaso. Tenho muitos amigos em todos os domínios.
[…]
CVM- Já lhe aconteceu rever a posteriori a imagem que tinha de alguém por aquilo que se soube depois da sua morte?
MS- Não. -,
seria de esperar certo frisson com a vinda à liça de gente bondosa e recomendável como aquela, mas a expectativa gorou-se. Nenhum dos citados nomes é referido*, bem como nem uma palavra acerca de outros dilectos como Frank Carlucci, Carlos Melancia ou, em plano antípoda, Salgado Zenha, por exemplo.
Nada de nada, nem um só dos inconvenientes; só convenientes ou anódinos. Mas que decepção, ó Carlos Vaz Marques. O Carlos bem que ainda tentou puxar-lhe pelos mortos… Chamei-lhe ali atrás óptimo mas desta vez, tenha paciência, não conseguiu ser senão bonzinho.     

Ainda MS:
Eu conheci o Saramago – éramos mais ou menos da mesma idade – muito antes do 25 de Abril. Ele estava ligado às coisas editoriais e estava numa livraria qualquer.
Acho que fica muito mal ao doutor Mário Soares, que se enfeita de próximo e por vezes íntimo conhecedor do meio intelectual, literário e artístico português em mais de metade do século XX, o desplante desdenhoso – estava numa livraria qualquer - com que se refere à Estúdios Cor, a que o José Saramago esteve ligado de 1955 a 1971 e de que foi director editorial durante 12 anos. Tê-lo feito numa entrevista à LER não lhe suaviza a sobranceria.
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* Perdão, nenhum dos referidos nomes é citado; isto é, nenhum dos citados nomes é referido; ou seja,