«A primeira vez que ouvi uma teoria da conspiração digna desse nome foi em Janeiro de 2002. Na altura vivia num amorfo subúrbio de Birmingham, no Reino Unido, onde alugara casa a uma família muçulmana, de quem me tornei vizinho e inquilino durante seis meses. Isto foi unanimemente interpretado (por mim próprio) como um gesto de grande coragem, com potenciais repercussões internacionais; vivia-se, por motivos óbvios, um período em que qualquer contacto intercultural dramatizava numa escala reduzida importantes tensões geopolíticas. Naturalmente, dediquei os primeiros dias de convívio cauteloso a averiguar se os meus exóticos vizinhos planeavam matar-me com bombas e destruir a civilização ocidental.
[…]
Acredito que se houvesse câmaras de circuito fechado espalhadas por Camarate em 1980, dois desgraçados apanhados a festejar uma vitória do Benfica ainda hoje fossem objecto de comissões de inquérito.»