o melhor cronista português de actualidades da actualidade, seria talvez ainda mais o melhor, não fosse um bocadinho tão faccioso. Enfim, admito, se não parecesse um bocado faccioso.
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Bin Laden e Saddam Hussein partilhavam a afeição por Whitney Houston e por essa atrocidade intitulada I Will Always Love You. Slobodan Milosevic ouvia repetidamente My Way, um embaraço que o próprio Sinatra detestava e que nunca interpretava sem antes o enxovalhar com uma graçola qualquer. E Kim Jong-il, fanático de Elvis Presley, engolia acriticamente a produção integral do cantor, incluindo as misérias feitas para embalar filmes também miseráveis.
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a relação entre o bom gosto e a sensatez parece ser igualmente verdadeira. O mais lúcido estadista europeu das últimas décadas, Vaclav Havel, era fã dos Velvet Underground. Margaret Thatcher possuía uma predilecção especial por Telstar, dos Tornados, uma brincadeira deliciosa que, à imagem da ex-primeira-ministra britânica, é pirosa e admirável em doses idênticas. E a canção da vida do velho Churchill era o prodígio satírico Mad Dogs and Englishmen, de Nöel Coward.
No que respeita aos nossos líderes actuais e passados, reina o vazio: ou fingem ouvir música erudita ou, o que condiz com a sua estatura histórica, não ouvem nada de nada. Mas há indícios acerca dos nossos líderes futuros, perdão, do nosso anunciado líder futuro. De repente, toda a gente resolveu achar inevitável que António Costa seja o próximo Presidente da República. E embora conheça poucos méritos do dr. Costa, além de uma carreira partidária indistinta e de dois mandatos autárquicos que me garantem fraquinhos*, sei que em 2009 escolheu Carlos do Carmo para mandatário da candidatura à Câmara de Lisboa. Caso a escolha decorra das preferências melómanas do dr. Costa e caso as preferências recaiam especificamente sobre Os Putos ou as Canoas do Tejo, não faltam razões para termos medo** ou, no mínimo, tampões nos ouvidos.»
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* Quem pôde garantir-lhe isso, caríssimo Alberto? O que é um mandato fraquinho?
** Julgando entender bem o justificado medo, para não dizer pavor, que as preferências melómanas do dr. António Costa inspiram ao dr. Alberto Gonçalves, membro da Comissão de Honra da reeleição, em 2011, de Aníbal Cavaco Silva, aqui lhe trago de presente e consolo uma Rosa Vermelha, escrita, tal como Os Putos, pelo irreformável comunista Ary dos Santos e interpretada pela Mandatária para a Juventude na eleição, em 2006, do professor Cavaco, cujas indiciadas preferências melómanas já na altura faziam antever, sem razões para medo ou desconfiança, os tempos de prosperidade que a sinérgica relação entre o bom gosto e a sensatez não pára de tão abundantemente proporcionar a Portugal.
E só não estamos mais felizes porque à dra. Manuela Ferreira Leite, em quem o dr. Gonçalves, de tanto a incensar, mal consegue ver um pixel defeituoso, nunca lhe deu para cantar o fado. Pelo menos, em público.