Nas duas
décadas mais recentes de profissão, tenho convivido com muitos e variados
técnicos formados em gestão [brrr!] de recursos humanos [brrr!, brrr!] e em teodiceias
similares. Entre outras idiossincrasias e modas, do tempo e do estrato escolar,
a propensão para o uso de “existir” em vez de “haver” não é das menos notórias. A relutância ao “haver” em benefício do
quase sempre menos próprio “existir” [há razões / existem razões] continua a afigurar-se-me misteriosa.
Tentativa parva de sofisticação do discurso? Talvez. Faz
lembrar as boas maneiras na restauração:
- Quer a
água fresca ou natural? ["Querer" é liminarmente ordinário.]
- Vai querer
sobremesa? [A conjugação perifrástica atenua a ordinarice, mas ainda não são
modos de se dirigir ao cliente.]
- Vai
pretender café? [Melhora um pouco, mas "pretender" também tem o seu quê de
agreste e raia o piroso.]
- Vai
desejar um digestivozinho? ["Desejar", voilà!, com o diminutivo canónico no ofício de servir à mesa – que começara no guardanapinho para o bebé e culminará na
facturinha -, e assim, sim, se atinge a delicadeza suprema.]
Pelo exemplo
junto, parece que a coisa agrava quando se tem mais de uma licenciatura.
Quanto ao Há mesma
hora, e em locais diferentes, isso é com o João Marcelino. Ele que ponha
ordem na redacção.