segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Intermezzo ocioso

«[…] A tónica dominante é o humor negro […]»
Eduardo Pitta serve-se de metalinguagem musical para evidenciar o humor negro nos contos de Miguel Miranda, ignorando que tónica é uma coisa e dominante, três tons e meio acima ou dois tons e meio abaixo, outra; e por isso profere uma inviabilidade desnecessária, de resto muito comum, que, sem sair da música, poderia evitar com uma de duas: a tónica é o humor negro ou a dominante é o humor negro.
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«BACH
No carro tem sempre uns quantos CD do compositor alemão. [Maria João Luís] diz que as sinfonias, sobretudo as de violoncelo, são excelentes ferramentas de desbloqueio, que a inspiram e ajudam a criar. Talvez por ser uma coisa orgânica, que mexe com ela.»
A ilustração escolhida pela NM – capa de um disco de Bach com seis sonatas para órgão – está na cara que só pôde ter vindo da coisa orgânica. De resto, entende-se que não seria fácil arranjar uma capa com sinfonias, sobretudo as de violoncelo, já que Bach não compôs nenhuma e arrisco que nem nas melhores lojas do chinês as há; mas, caramba, era assim tão difícil uma com meia dúzia de suítes?
A snobeira usa ser atrevida.

Com simpatia e para que não digam que sou azedo, aqui deixo para o escritor Eduardo Pitta, para a jornalista Carla Amaro e para a actriz Maria João Luís uma excelente ferramenta de desbloqueio, de fabrico alemão e manufactura russa, em que a tónica é Sol e Ré a dominante.