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Nas últimas três décadas, a palavra mágica que se impôs, primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa, é “excelência”. Os centros de investigação e universitários “de excelência” destituíram a “ideia” que tinha presidido à universidade moderna. De Hegel a Derrida, passando por Karl Jaspers e muitos outros, a ideia de universidade foi ganhando definição, em função dos desafios, das ameaças e das solicitações da época. Mas a “excelência”, apesar do amplo uso a que o qualificativo tem hoje direito, permanece um conceito vazio, embora dotado da força cega que lhe é conferida por uma triunfante ideologia da avaliação. Tal como o dinheiro, a excelência non olet, não cheira. E, na medida em que é completamente privada de conteúdo, não é verdadeira nem falsa, mas presta-se ao acordo categórico, a um assentimento respeitoso de todos.
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que pode significar a “excelência”, se partirmos da ideia — um dos factores da famigerada “ideia de universidade” — de que a universidade deve ter a capacidade de produzir conhecimento não consensual e até heterodoxo e oferecer alguma fricção — o contrário da complacência e da submissão — a um sistema que quer funcionar com toda a tranquilidade?
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A propósito, nunca será de mais insistir:
«Bobadela, tantos do tal
Venho interpelá-lo na sua qualidade de vice-reitor da excelentíssima Universidade Católica que tantas fornadas de altos-quadros tem posto a gerir, a governar e a aconselhar Portugal e parte importante das suas instituições e empresas, para que, por favor, nos elucide, nos informe, nos diga que merda de orientação se inculca, se é que alguma, nas cabecinhas dos seus alunos, designada e principalmente dos cursos de Gestão, Economia e Direito, acerca das duas seguintes singelas coisas: escrúpulo e ganância.
Grato e com os cumprimentos da praxe, contra o que aliás figadalmente sou,
Plúvio.»