terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Alberto Gonçalves roçando a abjecção

Na sua mais recente crónica semanal, no Observador, Alberto Gonçalves, "o meu fascista de estimação", caracteriza o que acontecera na América dias antes

«[...]
um episódio como o de quarta-feira, em Washington, quando manifestantes favoráveis a Trump e incitados por este invadiram o Capitólio
[...]
uma grotesca tentativa de assalto ao Capitólio que se resolveu em poucas horas, infelizmente com vítimas, felizmente sem grandes danos materiais.
[...]
É evidente que a actuação de Trump foi vergonhosa. Mas vergonha maior, caso a tivessem, é a dos que alertaram para a gravidade do recente esboço de golpe
[...]»

O mais do texto é comparação com a selvajaria e violência avulsa do lado oposto — democratas, blmantifas e esquerdistas em geral — que AG estriba, para resumida ilustração, num punhado de acções de rua ocorridas nos cinco anos da presidência republicano-trumpista, desmascarando e insurgindo-se contra o modo como o jornalismo enviesado, das causas correctas, as veio, ou não, noticiando.

Sou um fã antigo [há coisas de prolação mais fácil e agradável do que «um fã antigo»...] da graça, da ironia, da argúcia e da redacção esmerada de AG. Revejo-me não raro no seu ponto de vista como, de resto, em parte considerável da crónica em apreço.
Mas, para caracterizar o acontecimento no Capitólio, e a envolvente política que o determinou, não ter, numa crónica de 10 parágrafos senão as quatro frases moles, quase condescendentes, que acima reproduzo, desculpe lá, Alberto, isso parece-me indigno de quem tanto ama a América. E eu sei como a ama.

Por via de dúvidas considero relevante o «Mas» que evidenciei.