quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Fernanda Câncio em manobras

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Sobre o desempenho da jornalista Fernanda Câncio, os antigos directores são unânimes: é uma profissional de excepção. Miguel Sousa Tavares, que a dirigiu na "Grande Reportagem", afirma que sempre teve "a melhor impressão de Fernanda como jornalista"
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Miguel Coutinho, director do "Diário de Notícias" entre 2004 e 2005, revela que os trabalhos que fez com a redactora são "intocáveis".
António José Teixeira, director do mesmo jornal entre 2005 e 2007, diz que Fernanda é dedicada ao trabalho. João Morgado Fernandes, membro da mesma direcção e director interino antes da chegada de António José Teixeira, descreve-a como uma jornalista minuciosa, que "fala com 500 pessoas antes de escrever".
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No Twitter, na blogoesfera (onde escreve sem letras maiúsculas), ou no Diário de Notícias, Fernanda Câncio tem-se dedicado a escrever sobre o processo Freeport.
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Até por alturas de 2012/2013, quando comecei a dar mais atenção, menos preconceituosa, a todas as torneiras de informação em vez de apenas ao jornalismo dito "de referência", tinha boa impressão genérica da veterana jornalista Fernanda Câncio [16.Fev.1964], grande repórter no Diário de Notícias, de Lisboa. Além do mais, FC sempre redigiu bem, tirando o modismo afectado, ridículo, do "tudo em minúsculas" que pratica nas redes.
Hoje em dia, tenho da jornalista Fernanda Câncio a pior impressão possível. Considero-a jornalista de agenda, sectária e tendencialmente desonesta — já o era, porventura mais no tempo de José Sócrates, em que eu, enfeitiçado por entusiasmos político-partidários pueris, andava de olhos meio fechados — e, quem diria?, nem sempre devidamente informada.
Dois apontamentos.
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A gravata ...
«É uma mania minha, de tantas: aversão não negociável às gravatas.[...] pedaço de seda garrida que passa por certificado de respeitabilidade e masculinidade. [...] naquele nó ridículo, debatendo-se para todo o sempre com as particularidades da combinação entre riscas, bolinhas, cornucópias ou cores lisas com a camisa e “o fato” [...] Encontrei muito pouca gente que assumisse gostar de gravatas; não vislumbrei um único que achasse fantástico “ter de” as usar. [...] Reparem: nada existe no vestuário feminino ocidental que se equipare, em simbolismo e carácter compulsivo, à gravata. E nada, como a gravata, transporta a ideia de “reduto masculino”. Uma mulher vestida de calça, casaco e camisa não está “vestida de homem”; mas acrescente-lhe uma gravata e ei-la travestida. O que é tanto mais estranho quanto a ideia de adereço inútil e de enfeite está muito mais associada ao vestuário feminino e ao universo das mulheres que dos homens, geralmente descritos como seres de elevado sentido prático que não se interessam por futilidades nem sequer se preocupam com a imagem – a não ser, bem entendido, que tenham uma orientação sexual não maioritária. [...] a gravata viria a transformar-se num dogma de “seriedade e masculinidade” [...]»

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos da América empossada ontem, tem uma enteada, Ella Emhoff, filha do marido, Doug Emhoff, e da antiga mulher deste, Kerstin Emhoff. Nasceu em 29.Mai.1999, estuda design. Horas antes da cerimónia da investidura presidencial, Ella Emhoff surgiu nalgumas fotografias na companhia do irmão, Cole, e da mãe, junto ao Lincoln Memorial, em Washington, D.C. Esta, em particular, pôs a fricalhada em êxtase e suscitou a Fernanda Câncio o seguinte comentário no Twitter, destaque meu:
«uau. só acho a carteira hedionda ali mas se calhar não tinha nada apropriado. adoro a gravata» 

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... e a religião
Correm nas redes religiosas de esquerda falsos pronunciamentos, ilustrados, dos mais altos dignitários do corpo eclesiástico português, como José Tolentino Mendonça, Manuel Clemente ou António Marto, prevenindo fiéis e cidadãos incautos contra o que a pandilha e a retórica de André Ventura representam de ofensa e desvio do "verdadeiro" cristianismo e da doutrina social da Igreja. Até pode ser que representem. Sucede que nenhum dos ilustres prelados disse o que quer que fosse daquilo que os crédulos de Marisa Matias, Ana Gomes e afins, incluindo naturalmente Mamadou Ba e Fernanda Câncio, espalham que eles disseram. Leia-se o desmentido da Conferência Episcopal Portuguesa. Daí não me surpreender que MB e FC, falsários como nunca, se agarrem e invoquem contra André Ventura, demónio que os atormenta, o testemunho apócrifo do bispo de Leiria.

Por fim, André Ventura em campanha eleitoral passou na terça-feira, 19, por Coimbra onde, com a trupe chegada, representou a sua pantomima: entrou na Igreja de Santa Cruz pela missa das 17h30 adentro, rezou, comungou, prostrou-se perante o Fundador e cá fora ouviu das boas, conforme aqui bem narrado.  
Fernanda Câncio ficou indignadíssima — vejam lá, logo a Câncio iconoclasta ateia belicosa, suma-sacerdotisa da igreja Lux Frágil — com o desrespeitoso topete do candidato católico. Mal sabia ela que estava tudo acertado com o senhor prior.