Não se ‘faz alta’ ao avião, ao comboio, ao barco ou ao metro, para que parem, mas faz-se, ainda se faz, ao táxi, ao eléctrico e ao autocarro.
O gesto universal de ‘fazer alta’ acho-o dos mais bonitos, simples e eficazes que uma pessoa tem à mão – isso mesmo – para exercer um direito que é cumulativamente um pedido e vice-versa ao contrário e reciprocamente.
Esta tarde, na paragem do Prior Velho, uma preta com um pirralho dos seus 5 anos pela mão fez alta ao 329 [Campo Grande – Quinta da Piedade. Deus, na sua infinita, sábia e caprichosa parcimónia, sendo certo que não me contemplou com o jeito para a escrita que a Ana Cássia Rebelo tem, privilegiou-me ainda assim com uma geografia comum, o que me faz ficar-Lhe eternamente grato].
O autocarro parou, a porta abriu-se, a preta entrou e o pirralho disse «Obrigado, senhor motorista!». O motorista sorriu ao pirralho «De nada, ora essa!», charrou a sua dose diária de felicidade, fechou a porta e aliviou suavemente a embraiagem no mesmo tempo suave de carregar no acelerador.
Mãe abençoada e bonita.
Próxima paragem: Sacavém de cima.