«Entre o visível das artes figurativas e o dizível da poesia, há um espaço cheio de potencialidades onde se ergue, com enorme pujança, este livro de João Miguel Fernandes Jorge.
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João Miguel Fernandes Jorge chega aqui ao mais elevado nível que alguma vez atingiu a sua poesia parcialmente ecfrástica (isto é, onde há um princípio, nunca exclusivo, de descrição das imagens).
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o Eu apaga-se e é exclusivamente a imagem que fala, se aceitarmos como válida a ideia de que estes poemas têm origem no processo que consiste em submeter o visível ao regime do dizível; e não há arrebatamentos ou lugares de tensão concentrada, nem fogos-de-artifício de qualquer espécie, porque a música é contínua, subtil, em baixo tom, mas não monótona.
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Este livro ajuda-nos a perceber um paradoxo que habita muita poesia portuguesa actual: com frequência ela evoca e reivindica o real, mas isso não obsta a que haja nela uma ausência de mundo, uma perda de cosmos. Ora, em Mirleos o horizonte alarga-se, o mundo expande-se.
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Recensão de Mirleos, poesia de João Miguel Fernandes Jorge