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Nos convites e nos comunicados à imprensa haveria de ler-se: "Deus calcula e o mundo faz-se".
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Não é que a convocatória feita a Marcelo Rebelo de Sousa, para o lançamento do livro [Daniel de Oliveira - "A década dos psicopatas", 14.Mai.2015], seja obrigatoriamente um sinal de partilha, com o autor, de opiniões e escolhas políticas. Devemos, aliás, presumir o contrário.
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Não é que a convocatória feita a Marcelo Rebelo de Sousa, para o lançamento do livro [Daniel de Oliveira - "A década dos psicopatas", 14.Mai.2015], seja obrigatoriamente um sinal de partilha, com o autor, de opiniões e escolhas políticas. Devemos, aliás, presumir o contrário.
Mas há, logo
à partida, um dado com base no qual se institui um consenso fundamental: ambos
aceitam entrar no jogo de encenações e papéis completamente estereotipados que
empesta todo o debate político e desencoraja a simples ideia de entrar nele. A
questão é esta: Marcelo Rebelo de Sousa representa, ao mais alto nível, um
discurso que quer passar por análise ou comentário políticos, mas de onde a
política foi evacuada.
Ele
assimilou completamente a política quer à luta pelo poder, quer ao exercício e
ao objecto desse poder. Para ele, toda a política é uma questão de tácticas e
estratégias, de fintas e simulações. E ganha o que for mais cretino. É desta
matéria que são feitas as suas prelecções, enquanto animador do crochet televisivo.
E, nesse
posto, ele é “o professor”, isto é, aquele que ocupa o lugar da verdade e detém
o saber do expert. Esta ideia de uma inteligência que sabe da coisa
política e se dirige às pessoas que não sabem, e que por isso lhe fazem
perguntas para obter a resposta oracular, é uma negação da política.
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