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Dentro de alguns anos, os historiadores julgar-nos-ão pelo que agora fizermos.
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A suprema ironia é esta: no momento em que sabemos que todos os seres humanos vieram de África, é de África que não os deixamos vir.
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O nosso espaço é a sua vida possível.
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Uma sociedade tão rápida a destruir construções sociais naturais, como a família, mantém-se inabalável a defender construções sociais artificiais, como as fronteiras.
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Não é um problema de vigilância ou de quotas de asilo. Trata-se de humanidade, de partilha. Se o capital não tem fronteiras, porque as têm seres humanos?
[…]»
Bem visto, bem dito. Mas provavelmente só até ao ponto em que o doutor Henrique, o padre Vaz Pinto e eu damos três voltas à chave do lado de dentro da nossa porta. Para dormirmos descansados no nosso espaço.
Ah, pois é. Se coabitar sem muros fosse simples e fácil…
Ia para dizer que faço parte da metade da humanidade que adora favas, mas de repente veio-me à ideia um martim moniz sudanês do sul maometano, com 20 mouros em fila atrás dele, a atravessar-se na soleira, e eu do lado de dentro a fazer força com as minhas filhas cristãs para trancar a porta. Amavelmente.
Sudanês, cigano, mendigo, duarte lima, tanto dá.
Enfim, humanidade, partilha.
Adoro favas.
Enfim, humanidade, partilha.
Adoro favas.