terça-feira, 26 de maio de 2015

por descaminhos de luz / ao centro da escuridão

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Quem imaginaria, há alguns anos (até, pelo menos, A Faca não Corta o Fogo, de 2008) que o último poema de Herberto Helder, deixado à posteridade, seria um poema “canhoto” com rima em “ão”?
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É como se o poeta quisesse agora mostrar-se na imperfeição, destituído de toda a apoteose.
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É esta condição de poeta diminuído, canhoto, que já não consegue fazer estremecer o mundo, que se diz nestes poemas.
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Este livro reclama do leitor que ele esteja sintonizado num tom mais baixo do que aquele a que Herberto Helder nos habituou.»
António Guerreiro, "Os poemas descontínuos" | Público/Ípsilon, 22.Mai.2015
Recensão de "Poemas canhotos" *, última obra de Herberto Helder, 23.Nov.1930-23.Mar.2015
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"A última vez que a mão esquerda de Herberto Helder rimou com luz", por Mariana Pereira | DN, 14.Mai.2015
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* «Dado tratar-se de uma edição reduzida, o fornecimento está limitado a duas unidades por cliente e condicionado à existência de stock na data de pagamento da encomenda.»
Nem com o cadáver despachado nos poupam à prestidigitação mercantil pífia, foda-se. Digam cá aos clientes, Porto Editora e herdeiros de HH, de quantas exactas unidades é esta edição reduzida... E, já agora, de quantos exemplares será a edição dos próximos Poemas Completos que integrarão os "canhotos", os da "morte", os das "servidões" e todos os outros. E por aí fora até ao fim dos tempos. A gente sabe: é sempre por determinação do poeta.
Mas ainda bem que no país que idolatra o estro de Jorge Jesus e o talento da Pipoca Mais Doce a poesia factura. Com contribuinte, s.f.f.