«[…]
Devia
haver um referendo sobre o Acordo, mas os homens do "vota no castelo",
os apátridas da língua, têm medo de o perder. Mas há muito que se pode fazer.
Muita gente já o está a fazer, sob a forma de uma desobediência cívica
exemplar: recusar-se a escrever segundo as suas normas e assim proclamar que
"o meu amor à língua portuguesa não pára. Com acento.»
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«[…]
nunca
fui entusiasta do Acordo; encarei-o com desagrado e adoptei-o com relutância,
mas sem drama. O que fiz, sim, foi escrever vários textos no blogue Jugular, não sobre o AO90
mas acerca do bruaá irracional e insensato que rodeia o tema e, sobretudo, a
cegueira e a falta de informação — mas também a má-fé, que é real — dos que
rejeitam o AO90 por mero preconceito, ignorância, temor, preguiça, seguidismo
ou ligeireza. Isto, por si só, nem seria muito grave; pior é quando lhe está
associado um inegável teor de arrogância, nacionalismo básico e provincianismo
serôdio.
[…]
Assim
se chega à fase do roer as muletas, quando já não há pés para alvejar nem balas
a disparar. O texto de M.F.M. é uma boa demonstração do delírio enviesado para
onde frequentemente resvalam os autoproclamados paladinos da língua portuguesa.»
reagindo
ao artigo da filósofa e ensaísta Maria Filomena Molder, "O direito de ser atropelado", no Público de 04.Mai.2015.
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«[…]
Por
cá, a prevenção manda e mandou consagrar aquilo que, na alma navegante de cada
lusófono, constituía uma necessidade gritante: um acordo ortográfico (AO) para
o português. A ideia, inicialmente mastigada por duas dúzias de génios nos seus
imensos tempos livres, tornou-se oficiosa em 1991, mereceu a aprovação do prof.
Cavaco em 2008, subiu a regra nos documentos de Estado em 2012 e fez-se
obrigatória há dias.
Não
imagino que sanções se aplicarão aos prevaricadores daqui em diante (sugiro
açoites na praça ou a digestão dos discursos da dra. Edite Estrela).
[…]»
A
brincadeira de AG com facto/fato é capaz de ser exagero, dada a alínea c) do n.º 1 da Base IV do AO.