segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Pós-moderno

«A palavra "pós-moderno" - e seus derivados - teve a sua década de glória no final do século passado, mas definhou e, na bolsa das ideias e dos produtos intelectuais, tem hoje um valor negativo. Já só é utilizada para designar qualquer coisa pouco respeitável. Pode ser que ela tenha culpas por tal sorte, mas em sua defesa importa dizer que muitos dos ataques de que é vítima são equivocados. Ainda há pouco tempo, um cronista deste jornal referia-se ao escritor alemão W.G. Sebald como se os seus livros, pretensamente do lado da "ilegibilidade" e da "morte do romance", se identificassem com características da pós-modernidade. Ora, tais características (admitindo que a "ilegibilidade" caracteriza alguma coisa) são eminentemente modernas. Verifique-se então o seguinte: sempre que alguém utiliza a palavra "pós-moderno" para desdenhar, para criticar ou pura e simplesmente para usar um epíteto de sentido negativo, na verdade está, na maior parte dos casos, a referir-se involuntariamente ao modernismo.
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