quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Acordo Ortográfico [22]

«Na sua entrevista à "Única" do Expresso de 3 de Setembro, o ministro da Educação escamoteia deploravelmente a questão do Acordo Ortográfico, dizendo que este "é um facto". Não é. Os factos são os seguintes: O Acordo Ortográfico não está em vigor. Angola e Moçambique não o ratificaram. Não existe o vocabulário comum que o AO exige como condição prévia. O ministro não estudou o problema, nem no aspecto jurídico nem no científico. Não leu a documentação existente. Não sabe quanto custa ao país a precipitação criminosa em aplicar um instrumento inaplicável e calamitoso. O facto é que Nuno Crato infelizmente não sabe do que fala. Se as reformas que ele prepara para o ensino forem tão levianamente abordadas como esta, então a Educação em Portugal não irá muito longe. Custa ver uma personalidade da sua envergadura intelectual e da sua intransigente seriedade ceder assim à lei do menor esforço.»

PS [isso mesmo]
A dado momento da crónica, escreve sem surpresa o cavaquista culto [espécime mui raro] VGM: «O voto no PSD e no CDS assentou numa relação de confiança que se estabeleceu entre os partidos da oposição com credibilidade para serem alternativa de poder ao PS e uma maioria de eleitores profundamente desiludidos com a pior governação que tínhamos tido desde o 25 de Abril.»
Não estou certo de que o PS de Sócrates tenha operado a melhor governação desde o 25 de Abril, mas acho, sem grande esforço da memória, que a mais nefasta governação constitucional desde o 25 de Abril foi a do professor Aníbal Cavaco Silva, de 1985 a 1995 [X, XI e XII Governos], que, por tacanhez, insensibilidade social e cultural, falta de visão e altíssima corruptibilidade em seu torno - de que é paradigma o BPN - malbaratou e desaproveitou os favores de uma conjuntura nunca antes nem depois tão propícia às reformas e melhorias no país e na sociedade portuguesa que o PS realizou, empreendeu ou intentou com dificuldades crescentes chovidas de todo o lado, de dentro e de fora, sem escamoteio de alguma incompetência ou inoperância endógenas e, sim, também, de lamentáveis casos de falta de escrúpulo.