Sem, nos cinco minutos em que falou esta manhã à Antena 1, jamais ter pronunciado a palavra “Alberto”, com que no mesmo púlpito se ungira alarvemente no panegírico de 01 de Agosto passado, ou sequer a expressão “presidente do governo regional”, o doutor Luís Filipe Menezes, turibulário ciclóstomo do soba da Madeira, começou por uma comparação absurda e repulsiva do massacre de há oito semanas perpetrado pelo celerado Breivik com a mega mescambilha dos mil e cem milhões de défice escondido, fazendo equivaler a superior reacção, na altura, do primeiro-ministro norueguês à reacção rastejante de Pedro Passos Coelho, destes dias, enaltecendo-a.
Perguntara-lhe o jornalista Ricardo Alexandre: «… Luís Filipe Menezes, bom dia. Como é que vê este caso da Madeira?»
Na parte em que o doutor Luís Filipe Menezes foi mais severo e contundente - que coragem!, que desassombro! -, maquilhou assim a vigarice galáctica e imperdoável, por que vamos pagar, do seu adulado bonzo:
«… a realidade político-administrativa das regiões autónomas visou o justo desenvolvimento numa lógica de discriminação positiva dessas regiões. O seu estatuto, a forma como funcionaram, a sua regulamentação foi negociada diariamente com sucessivos governos, governantes responsáveis. A tal discriminação positiva que alguns portugueses consideravam mais injusta redundou muitas vezes em perdões da dívida da região autónoma da Madeira, da Região Autónoma dos Açores; perdões da dívida substantivos, em valores muito máióres do que aqueles que hoje estão em causa com este diferencial* e que foram dados por primeiros-ministros como Cavaco Silva, primeiros-ministros como António Guterres e até no primeiro ciclo do primeiro-ministro José Sócrates.
… Tudo o resto são queixumes, queixumes legítimos, críticas porventura verdadeiras»
* Aposto em como tão cedo Luís Filipe Menezes não vai, por muitas contas que manipule, ser capaz de proferir uma incorrecção máiór; além de que perdão da dívida não é o mesmo que vigarice ou crime.