«Quando um dia, numa entrevista, perguntaram a Borges quem era ele, respondeu que era todos os livros que lera. Eu quero crer que somos não só os livros que lemos mas igualmente os que não lemos. Cavaco Silva, por exemplo, é certamente não só os livros de economia que leu mas também o provável facto, dedutível de umas célebres declarações suas, de nunca ter lido Os Lusíadas. Já o caso de Passos Coelho é mais complexo, pois, além de ser os livros que terá lido e os que não leu, é igualmente os livros, como A Fenomenologia do Ser, de Sartre, que leu mas que o seu autor nunca escreveu.»
Manuel António Pina, “Os livros que nunca lemos” | NM, 11.Set.2011